terça-feira, 1 de janeiro de 2008

O Homem D'água.

Hoje o homem da água bateu aqui em frente, aquele que vem medir o uso da água. A casa fechada, eu sozinha, preguiçosa e sonolenta acordei de sobressalto. A que me dei conta foi só uma tentativa dele. Entretanto eu fiquei estática na cama esperando que não ouvisse mais o apelo. Pensei em me vestir, abrir a casa, o portão, fingir simpatia e agir com naturalidade. Realizei tudo isso em mente, mas a inércia ganhou meu corpo e aliviada fiquei ao sentir que ninguém mais jazia lá na frente.
Depois disso certo sentimento de culpa demagoga se apossou de mim. O sol pelo visto estava demasiadamente escaldante, pensei logo no coitado do homem que só queria fazer o trabalho dele, e pensei também na minha falta de perspectiva e insensibilidade ao ficar estarrada na cama. Será que o que fiz foi errado? Oh! Prefiro acreditar que não, claro, mesmo acreditando que sim.
Afinal não é o que todas as pessoas fazem sobre tudo, agem com descaso, como se a responsabilidade não fosse delas das coisas que lhes convém. Então sempre preferimos acreditar que somos as vítimas e que não é bem assim, mesmo sabendo que somos cruéis vilões de um cotidiano hediondo e que sim, é bem assim!



(18.03.2007)

[Por mim mesma, K.]

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