quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sobre os casais de plástico

Há casais famintos por alcançar datas de aniversário do relacionamento. Usam-nas numa tentativa desesperada de renovar esperanças que já não mais existem, há tempos. Geralmente as expressam por meio de trocas de presentes, desprovidas de qualquer sentido mais profundo. Há ainda aqueles que 'saem' pra fazer 'algo especial' no intuito de sublinhar a ocasião. Saem, comem, mostram-se, exibem-se para os outros num desfile curioso, num arremedo competitivo e velado. Esforçam-se por fazer saber aos outros que estão juntos ainda - e felizes, muito felizes. 'Viu, como deu certo?' ‘Viu? Consegui!’. A passagem numérica do tempo é o único argumento que encontram para explicar uma felicidade obrigatória que, no fim de contas, não está lá. O tempo é o único poder de legitimação desse amor vazio de sentido.
Não estou aqui falando de todos os casais, nem mesmo da maioria talvez, mas tenho visto por aí alguns exemplos claros de pessoas que não têm absolutamente mérito ou sentimento nenhum em manter um relacionamento. Dão-me a impressão de que em qualquer pessoa que se tivessem escorado, ali permaneceriam até o fim de suas vidas, sem muito esforço, vítimas de uma carência desmedida e pobres de auto-estima. Reitero e complemento um velho ditado: antes só do que mal amado, ou do que mal amante.
Dessa insistência teimosa e despropositada, advêm as traições, as insatisfações, as frustrações, e toda essa balela que a gente já está careca de saber, de homem é assim, mulher é assado.  
As pessoas fazem tudo, mas é sobre muito pouco - ou quase nada - do que fazem que se perguntam sobre os verdadeiros sentidos e desejos. Perpetuam hábitos e costumes que nem mesmo refletem a si mesmos, se é que algum dia refletiram...


[Por mim mesma, K.]

Um comentário:

Jean Peixoto disse...

Concordo contigo ...
A vontade de se sentir proprietário do outro e da necessidade de provar para si próprio e para todas as pessoas do mundo o quanto estão felizes juntos,mesmo quando não estão ... Transformam os relacionamentos em um produto de exposição e apoio a sua própria deficiência egocêntrica...
Mandou bem !!!